loader

Maquiadora trans converte preconceito em força e conquista espaço no empreendedorismo do AC: 'Protagonista da minha história'

  • Home    /
  •    Notícias    /
  • Maquiadora trans converte preconceito em força e conquista espaço no empreendedorismo do AC: 'Protagonista da minha história'
Maquiadora trans converte preconceito em força e conquista espaço no empreendedorismo do AC: 'Protagonista da minha história'

Vitória Bogéa tem 23 anos, trabalha com maquiagem desde os 15 e para além dos cosméticos, empreendedora enxerga a ferramenta como aliada à autoestima. No último ano, ela foi a primeira mulher trans a vencer prêmio voltado aos micro e pequenos negócios no Acre. Vitória Bogéa tem 23 anos, é maquiadora e usa ferramenta de trabalho para melhorar autoestima no Acre Arquivo pessoal No país onde mais se mata trans e travestis pelo 16º ano seguido, viver, para este grupo, tem um significado ainda mais forte: é um ato de coragem, empoderamento e resistência. Ser uma mulher trans no mundo dos negócios, então, é também driblar as tristes estatísticas e fortalecer a luta por inclusão e respeito. Assim pode ser definida a trajetória de Vitória Bogéa, de 23 anos. Ela é acreana, maquiadora desde os 15 e usa esta ferramenta de trabalho como forte aliada à construção da autoestima dela e das clientes. ???? Participe do canal do g1 AC no WhatsApp Em entrevista ao g1, a jovem empreendedora revelou que a paixão pela maquiagem surgiu aos poucos, junto com a mãe dela, ligada ao artesanato. Àquela época, Vitória se interessava pela pintura. No entanto, com o passar do tempo, as tintas deram lugar às paletas de cosméticos. “Comecei maquiando minhas amigas e vizinhas, que gostaram e me indicaram para mais pessoas. Isso me fez fechar turmas de formatura e até começar a trabalhar em salão de beleza”, relembrou. No entanto, em razão da identidade de gênero dela, Vitória sentiu que o fato de ela ser mulher trans chegou a ser uma barreira para conquistar espaço e respeito profissional. “Percebi que a forma de me portar e falar poderia influenciar o modo como as pessoas me tratavam. Foi aí que decidi me empoderar e nunca baixar a cabeça para falas preconceituosas. Muitas pessoas ainda não compreendem a diversidade, então escolhi educar, porque acredito que a educação é a chave para transformar a sociedade”, complementou. LEIA TAMBÉM: 'O retorno vem para a sociedade', diz idealizadora de associação com mais de 300 mulheres empreendedoras no AC Jovem de 18 anos transforma projeto de ensino médio em microempresa no AC: 'Educação mudou a minha vida' No Acre, lei garante uso do nome social em órgãos da administração pública Vitória busca se capacitar e melhorar trabalho como maquiadora no Acre Arquivo pessoal Autoestima e empoderamento Trabalhar com maquiagem, segundo ela, vai além da beleza exterior. Do mais básico ao mais complexo, as cores e formas que vibram nos rostos de quem faz uso das paletas, batons, pincéis e tons de cores variadas, ajudam também na construção e restauração da autoestima. “Como uma mulher trans em processo de transição, a maquiagem foi a minha maior aliada na construção da autoestima. Ela me ajudou não só a embelezar o exterior, mas também a enxergar minha beleza interior. A maquiagem foi um instrumento essencial para eu me reconhecer e me empoderar, mostrando quem eu realmente sou, não apenas fisicamente, mas também espiritualmente”, frisou ela. Muito mais do que expressão de vaidade, a maquiagem é uma arte e o mercado é promissor no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Higiene Pessoal (Abihpec), o mercado de beleza no Brasil deve crescer mais de 7% ao ano, alcançando cerca de US$ 40 bilhões até o final de 2027. Além disto, o país é o 4º maior consumidor de maquiagem do mundo. 'Cadê minha vaga': saiba como é o mercado para quem trabalha com maquiagem Para Vitória, ser uma artista no ramo da maquiagem é também poder colocar um sorriso no rosto das pessoas, principalmente em momentos especiais como casamentos e formaturas. “Eu me encontrei não apenas embelezando, mas também ajudando a construir autoestima e empoderamento, especialmente entre as mulheres. Como mulher trans empreendedora, enfrentei muitos obstáculos, principalmente devido à minha identidade de gênero. Mas nunca me deixei abater. Mostrei que não sou apenas um corpo, mas uma pessoa com talento, personalidade e sonhos. Esse foi o meu diferencial: ser protagonista da minha história e não uma vítima”, destacou. Mulher de Negócios No ano passado, o trabalho de Vitória foi destaque no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria Microempreendedora Individual (MEI). Ela foi a primeira mulher trans da região Norte a participar da honraria, a ser finalista e a conquistar o segundo lugar no pódio na etapa estadual. A iniciativa, que ocorre em âmbito local, regional e nacional, busca valorizar o empreendedorismo feminino em todo o país e fazer com que as mulheres reconheçam seu potencial, bem como recebam o apoio necessário para ser uma empreendedora de sucesso. Initial plugin text Para Vitória, a conquista representa a importância do apoio à comunidade LGBTQIA+, principalmente para driblar os altos índices de mortalidade ainda existentes no Brasil. “Esse prêmio não é só meu, ele representa a possibilidade de inspirar outras mulheres trans a acreditarem nos seus talentos e sonhos. Fico feliz por ter sido uma porta de entrada para que outras histórias e sonhos da comunidade LGBT e da diversidade possam se concretizar”, celebrou. As inscrições para a próxima edição podem ser feitas até o próximo dia 15 de junho pela internet e são divididas em cinco categorias, sendo: Pequenos Negócios, Produtora Rural, Microempreendedora Individual (MEI), Ciência e Tecnologia e Negócios Internacionais, sendo estas duas últimas inéditas. Prêmio 'Sebrae Mulher de Negócios': inscrições vão até o dia 15 de junho no site do Sebrae Resistir Vitória não venceu o Prêmio Mulher de Negócios à toa. Ela está entre as 55% das pessoas LGBTQIA+ que lideram o próprio negócio. Isto é o que indica um estudo inédito do Sebrae, publicado este ano, que mostra o cenário do empreendedorismo dentro da comunidade. A porcentagem é o equivalente a 3,7 milhões de pessoas. Além disso, dos 15 milhões de brasileiros com 16 anos ou mais e que se identificam como integrantes da comunidade, pelo menos 20% têm intenção de abrir um negócio até 2028. A jovem empreendedora é um exemplo de que, apesar do preconceito que mata, a representatividade é importante para aumentar o percentual de empreendedores LGBT+ no Brasil e no Acre, bem como permitir com que outras mulheres trans e travestis possam se espelhar nela e, para além do mundo dos negócios, que possam ser independentes e protagonistas da própria história. Vitória busca se profissionalizar para melhorar técnicas de maquiagem Arquivo pessoal “No Norte do Brasil, onde a informação sobre diversidade ainda é escassa, ser uma figura pública e mostrar que somos muito mais do que nossa identidade de gênero ou orientação sexual é essencial. Minha visibilidade ajuda a desmistificar o que significa ser trans e inspira outras mulheres trans a se lançarem no empreendedorismo. Vivemos no país que mais mata transexuais e travestis no mundo, então, mostrar nossas histórias e talentos é uma maneira de fortalecer a luta por respeito e inclusão”, complementou. Começar, segundo ela, nunca será fácil. Mas Vitória acredita que o amanhã sempre pode ser mais bonito. “Nada vem fácil, principalmente para nós, mulheres trans, mas isso não significa que não podemos sonhar e conquistar. Se uma pessoa já subiu naquele palco, empreendeu e conquistou, qualquer outra pode também. O importante é acreditar em si mesma e fazer acontecer”, finalizou. Empreendedora desde os 15, Vitória Bogéa transforma o preconceito em resistência e firma nome no mercado de beleza no Acre Arquivo pessoal VÍDEOS: g1

Publicada por: RBSYS

BAIXE NOSSO APP

Utilize nosso aplicativo para escutar Rádio Diamante FM direto de seu dispositivo movel.

img

Copyright © 2025 Rádio Diamante FM. Todos os direitos Reservados.